segunda-feira, 2 de julho de 2012

pés


pés, entre um e outro, pé. hoje não veio, é ontem e amanhã, e só. pés. dois. dois de mim. ontem e amanhã. é como se fosse outra de si, a vida. os lugares de dentro saem, os de fora sobram. um cheiro familiar que não lembro mais. três boas idéias que devem morrer assim. mais duas. todas as boas idéias em mim. segunda chega, e eu canso. lá e cá, lá e cá. sozinho ou não. temo por quase tudo, ninguém me dá razão. me deito pra descansar. me lembro em sonho que a vida é feita de trabalho. ou será mesmo de sonhar? entre um pé e outro.

sábado, 10 de março de 2012

deu-se o desconto



aos poucos um sumiço, nem tão lento que não se pudesse notar. um projeto largado no caminho. amores sem terra e sem senhor. dois, três, quatro, todas as bifurcações do mundo, e o caminho já é desvio que não leva nem trás, só atravessa, tudo, imundo. um tempo generoso e farto, mas cruel quando coloca em tudo seu nome. o afeto dos outros, eu. mim, uma história descontada, retalhos de estampas mal-acabadas. os passo que seguem, a dor da partida dá a partida, a parte tida como parte não é mais querida. entre uma e outra, nenhuma acena com alegria. o saudoso emerge e senta no meu peito, a sorte mudou-se e não atualizou o endereço. sinto como se fosse aqueles outros, que eu não entendia. sinto que sinto mais, sem ordem. o olhar é vago, tolo e cansado. o protagonista morreu. o protagonista morreu.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

a pedra


avante! avante! rumo ao depois, pra lá do ante. avante! o mundo não espera, o mundo não erra. nem serei eu mais um dos tolos a fincar o pé onde a lama suja me drena a fé! mô, faz um favor pra mim? joga aquele balde com duas calcinhas, água e sabão, dentro da máquina? eu jogo e volto, mas já não sou mais o mesmo. perco o prumo, fico à esmo.

domingo, 8 de janeiro de 2012

depois de lá


um dia tão belo seguido de outro nem tanto. sem surpresa nenhuma, entretanto. numa dessas subidas eu sei que ninguém para. nem embaixo, espero. mesmo que não pareça assim quando estou lá. a idade me deu memória, de saber que quase nada fica do jeito que está. o que fica, não se vê nem mede. é pra além do acolá.