segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

dos panos e ratos


as horas, são poucas agora, logo serão muitas e depois deixarão de ser, simplesmente. porque as horas são frias, duras. as horas são os dias recortados, que são as semanas, que são os meses, os anos, todos recortados. enquanto passam, todos estes, tentamos nos costurar, tecer. recortados somos nós, retalhos. a colcha é uma memória de mentira. às vezes, ao ficarmos velhos e juntos, nascem os ratos. geração espontântena do pior destino que um emaranhado de linhas pode ter. linha e agulha, cadê?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

cama velha


a cama é coisa velha, se desfez no caminho, mas sua memória insiste e às vezes prevalece, mas a cama é coisa velha, se desfez no caminho. ainda assim, aparece de repente, como se ainda houvesse. filho único dorme só, sonha só, mas cresce. e quando cresce precisa de companhia, porque já não basta mais só dormir, ou só sonhar.
à minha causa não cabe mais esperar. nem a cama. nem sonhar.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

pança, eu espero


vinteoito dias depois, ou um pouco mais, ou um pouco menos, não importa, alguma coisa do que era pra ser e não foi ainda insiste, a cada expiração. ergue-se no sonho, cai no dia, na solidão sem igual, tão bem acompanhada. crescem meu esperar e minha pança. aguardo seu filho, esperança. não que seja tanto esse o caso. preciso de você, seja quem for, contanto que seja outro de mim, em mim. meu espírito exige um santo de barro, pra que os outros possam ver a minha fé.