sexta-feira, 16 de abril de 2010

lágrima por copacabana


Bem no iniciozinho das manhãs de Copacabana, se você olhar qualquer transversal da Nossa Senhora em direção ao mar, vai ver o sol queimando a praia antes de queimar qualquer outro lugar. Fica tudo dourado, de doer os olhos. Dos quiosques e etecéteras no calçadão, só se vêem silhuetas. Se você entrar na Domingos Ferreira, vai ver um porteiro de prédio lavando a calçada com água abundante saindo de sua velha mangueira listrada. Vai ver uma senhora com a cara retorcida, condenando o criminoso desperdício. Vai ver um garoto de trinta anos lembrando o gosto daquela água, marco de uma infância distante. Vai ver uma garota de olho no garoto, porque ele lembra outro, que não sai do seu peito. Um cachorrinho alegre. Alguém dormindo na rua. Vai sentir um vento fresco que sempre passa por ali. Quem desce nas manhãs de Copacabana pela Domingos Ferreira, nunca esquece. Nunca esquece que ali, o mundo é quase de sonhos. Mas não esqueça, só é assim enquanto o fogoso, ardente e impiedoso sol se represa na praia. Depois que apruma no céu, faz de tudo pecado, revelando todas as outras curvas e silhuetas de um bairro que obedece ao sol, e sendo assim nunca será um só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário