quarta-feira, 14 de abril de 2010

negócios

-Sinhô, mim arruma um real? Sinhô, por favor, um real preu tomá um café, minha barriga tá vazia.
-E por que você não arruma um trabalho ao invés de ficar aí pedindo?
-Ô, sinhô. Esse aqui é meu trabalho, é assim que eu ganho a vida.
-Trabalho, sim, pois sim. Desde quando ficar pedindo na rua é trabalho?
-Ô patrão vai me dá uma licença, mas a diferença de mim pro patrão é que eu tenho város patrão.
-Como assim?
-Ué, eu fico aqui no chão, sentado, todo sujo e com cara de coitado, daí passa váras pessoa como o senhô e mim dá dinheiro. Eu fico aqui sentado, pedindo e as pessoa mim dá dinheiro. É isso.
-E o que isso tem de parecido comigo?
-Ué, o patrão não tá indo pro trabalho? Não tem que se verti de um jeito assim assim assado? Fazer umas cara e falá umas coisa de um certo jeito? Quando chegá lá não vai ficá sentado o dia todo?
-Grandes coisas, mas ainda é muito diferente.
-Ô meu patrão, mim responde uma coisa. O senhô trabalhava se não precisava de dinheiro?
-Não, né. Claro que não.
-Então. Eu e o sinhô temo uma pessoa que vê a gente sentado o dia todo no mermo lugar, vestindo mais ô meno o mermo tipo de roupa, fazendo a merma coisa quase todo dia, certo?
-...aham.
-E se a gente não estiver ali sentado todo dia, o dia inteiro, essa pessoa não dá dinheiro, né?
-...é.
-Então patrão, a diferença é que eu posso ir embora a hora que eu quizé, que meus patrão nem vai notá, mas quando eu voltá, eles vai voltá a mim dá dinheiro. Se o sinhô saí na hora que quizé não é bem assim, né?
-...
-Fica assim não patrão. Não quiria chatiá o sinhô não. É que tanta gente já mim perguntô isso, que eu acabei parando pra pensá.

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