quinta-feira, 23 de setembro de 2010

ou não


chegou, finalmente, a entender os homens que olhavam fixos para um ponto, na maioria das vezes com as mãos ocupadas, com a cabeça, sempre. percebeu o quanto atrapalhou a si e aos outros tentando fazer caber dentro do tudo, ordenadamente, todas as coisas. catou cavaco em inúmeras ocasiões, mas se pôr de pé após cada uma fazia com que ele acreditasse que estava no caminho certo. o tempo passou, e já cansado do cai-levanta, resolveu se recostar para recobrar as forças, sentando ao pé de uma árvore que lhe provia uma sombra muito meiaboca. ali, com os joelhos laçados pelos braços, começou a enxergar as coisas por uma outra perspectiva. notou que entre os homens existiam abismos irreparáveis. intuiu que a maldição de seus colegas de espécie era se parecerem uns com os outros, quando a rigor nada tinham a ver. meditou sobre isso durante um tempo incontável. quando finalmente levantou, já sem querer fazer caber no tudo todas as coisas, foi arrumar o que fazer. parou de tropeçar, mas passou a carregar no peito uma estranha sensação, que só cessava quando ocupava suas mãos ou, por deslize, se flagrava tentando fazer caber tudo no todo, de novo. havia que se descobrir um jeito de se livrar do ou. ou não.

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