segunda-feira, 13 de setembro de 2010

assim


calaram-se não se sabem quantas línguas, emudeceram-se os batuques, pararam de andar os pés, os olhos não enxergavam mais, a cabeça só pesava. apenas o coração batia, descompassado, caótico, forte e desesperado. coisas cruzavam o ar, projetadas. as máquinas levavam homens de um lado a outro, carregando outras, máquinas, de desfazer homens, que a bem da verdade, nem ao mesmo tinham terminado de ser feitos. a rotina seguiu assim até que um dia faltaram homens para se desfazer. desfizeram então as crianças, depois as mulheres. os velhos já não existiam mais há muito tempo. finalmente, foi tudo desfeito. e o homem, desfeitor do outro homem, também. 
sem solenidades, sem fechamento.
assim foi o fim. simplesmente, assim.

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