quinta-feira, 28 de outubro de 2010

entre


peço licença, mas não há ninguém lá. busco companhia, talvez ainda seja muito cedo. a porta está aberta, escancarada. o lado do dentro eu imagino, falta pouco, falta tanto. quem me disse pra ir, nunca esteve lá. essa é a condição, a descoberta. isso deveria me libertar. sinto o peso da decisão. reconheço em mim os opostos. durmo bem durante a viagem. percebo que nada está pra começar. é o depois que põe as cartas, as perguntas sem respostas. a história é obra da loucura. olho em volta. não estou mais só. não, estou completamente só. tenho que sonhar com os outros. um passado quer ser futuro, pra ter presente. o tempo se curva sobre si, sobre mim. tenho que fazer sobre nós. pra atar, desatar. fazer sentido, no peito. entre tantos, entretanto. desatento, some a porta. um caminho em seu lugar. atrás, olhando agora, vejo que já começou. no lugar da poeira que ainda paira, há que se haver histórias. não se pode viver sempre a se lhas apagar. o caminho da frente se dobra sobre o detrás. eu, comprimido, me esparramo no entre, entre. lembro da saudosa porta, peço licença, mas não há ninguém lá...

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